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Vida contra Morte

Oi, Betânia, com imensa saudade da Carol, do Victor e de você, segue texto-relato, para possível publicação no seu blog. Acho que ele poderá ajudar muita gente, pois o sistema de saúde em nosso país continua uma triste realidade, da qual nós, arquitetos ou não, somos vítimas com  um abração, Wolf

José Wolf,Meu Deus, de novo? De novo, agora desmaiado, sou conduzido por uma ambulância à Emergência de um posto de saúde. Desta vez, foi para o ex-conceituado Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo.

   Ao desmaiar em plena via pública, fui salvo por amigos anônimos que evitaram que eu batesse com a cabeça na calçada. Depois de receber soro por mais de cinco horas, sou liberado já que a pressão havia voltado ao normal.

    Desta vez, mais escolado, na condição de jornalista e cidadão, pude verificar de perto as condições precárias de nosso sistema de saúde social tão denunciada pela mídia. Que absurdo: faltam leitos, macas, remédios e, inclusive, material para simples curativos. Além disso, o resultado dos exames de laboratório só sairá daqui a um mês, depois, quem sabe, do óbito do paciente.

    Além disso, sobram problemas de acessibilidade e de espaços mal dimensionados, sem a participação de profissionais de Arquitetura. Lembraria, ainda, médicos burocráticos, que nos examinam sem sequer olharem para nosso rosto.  Conforme denunciou o jornal “Agora”, em editorial, .a saúde no Brasil está na UTI”!

   De quarentena, por alguns dias, aproveitei para revisitar algumas páginas do Morte contra Vida”, do teólogo protestante Norman Brown. No livro editado pela “Vozes”, o autor, baseado em teorias freudianas, enfoca o instinto de morte, que nos corrói: em lugar do eros, da alegria e do prazer de viver, o thanatos, a tendência à morte e à destruição, o sentimento de culpa e o apego doentio ao dinheiro como se ele pudesse nos salvar.

    Morte? A propósito, uma das lembranças mais fortes que trago relaciona-se à morte prematura do colega Jesus afogado nas águas verdes da piscina do Seminário, em São Roque, onde estudei. Contudo, na época, era muito jovem e inocente para entender toda a dimensão desse evento, que revelava, na verdade, a fragilidade e vulnerabilidade de nossa existência, aqui e agora.

   Agora, a caminho dos 75 anos, no dia 14 de novembro, enfrento o desafio do tie-brack, à espera do desempate entre a fragilizada  causada pela doença e a esperança da cura ou de um milagre fecundado pela fé!

   Enquanto isso, tento passar a limpo muita coisa de minha vida, na tentativa de não deixá-la transformar-se num efêmero rascunho E agradeço a Deus tanta dádiva que recebi, inclusive, o privilégio de ter participado do Seminário da Arquidiocese de São Paulo, ao qual devo a bagagem cultural e espiritual, que iluminou a minha trajetória profissional. Deo gratias!    José Wolf. Retrovisor, José Wolf,

Arquiteta Precoce?

Você é fruto do meio? Ou filha de peixe peixinho é? Que orgulho. Minha filha viajou para São Luis de Paraitinga -SP. Veja que fotos lindas que a Carol, 11 anos, tirou … Que sensibilidade!

Acho que ela tem mesmo um olhar de ¨Arquiteta mirim¨, veja as riquezas dos detalhes que observou na cidade.

São Luiz de Paraitinga-SP
casa de taipa
Igrejinha, sempre é um ponto marcante da cidade
Igrejinha
São Luiz de Paraitinga-SP
São Luiz de Paraitinga-SP
Igreja

E os Bonecos gigantes, parece que estou em Olinda – PE, adorei a simetria da foto da Carol.

São Luiz de Paraitinga-SP
São Luiz de Paraitinga-SP

As ruas da cidade, a pracinha, o coreto… As bandeiras, as cores, o céu azul… Da para sentir a ¨alegria¨ de um povo que mora no interior de São Paulo, que brilhantemente Carol demostrou nas imagens que fez nos 3 dias que circulou pela cidade.
Bandeiras de São Luis,

São Luiz de Paraitinga-SP

Carol Lazzari

Enfim, o que dizer do olhar de uma menina de 11 anos… Filha de uma Arquiteta com um Engenheiro e uma irmã Arquiteta.

Fotos: Carol Sampaio Lazzari.  Texto: Betânia SampaioCarol Sampaio

Carnaval, qual o tamanho desta festa?

Ola, amigo folião

Diante do questionamento de dois amigos José Wolf e Patricia Cassemiro, ambos jornalistas e amigos de outros carnavais.Paty CassemiroJornalista

Leia os dois post abaixo e dê seu voto:

CARNAVAL, grande festa (ainda) NÃO é para todos (José Wolf)

CARNAVAL, é SIM festa para todos (Patricia Cassemiro)

CARNAVAL, é SIM festa de todos

Resposta aos posts: CARNAVAL, grande festa (ainda) NÃO é para todos e Memórias dos meus carnavais.

Beta, (amiga de muitos carnavais)

Carnaval é isso, ou você sente ou você sai correndo e fugindo da alegria…pernambuco A folia pernambucana é um pouco diferente das escolas de samba do sudeste, ou dos blocos com cordões da Bahia, mas sem rivalizar cada um gosta do tempero de sua terra…

Vivendo aqui em Barcelona há 6 anos, onde a folia momesca é mais uma festa de crianças e gurizada.

Eu posso sentir saudade ainda mais dos evoés, do vassorinha, do enquanta ladeira, da sala de justiça e logicamente do carro chefe, do nosso Zé Pereira que tem nome e sobrenome que era Sr Eneas Freire, que eu mesmo daqui fazia questão do Sábado telefonar e ouvir a voz que foi de uma das pessoas que mais tive prazer em trabalhar, um homem sério que fez de um bloco familiar virar uma grande marca… Sair no guines book e arrasta a cada sábado no Recife mais de um milhão e meio de foliões..Carnaval

Carnaval eu acredito que sim é festa de todos, pois existe um carnaval para cada bolso e como queira participar, eu lamento que os que assistem o carnaval da janela muitas vezes pode se assustar, é possível que se veja o carnaval como uma festa que aparentemente as pessoas fazem de tudo, que exista violência, enfim, existe mesmo tudo, mas como a arte esta nos olhos de quem aprecia, para mim carnaval ta no compasso do seu coração, nos que tem memória como Betania, Patrícia, Pierrôs, Colombinas… É bem mais fácil ser feliz com a folia, os que nunca viram talvez confunda um desfile com o gado de sua fazenda… Mas, eu prefiro ainda ver como a festa de todos, como o lugar para vestir sua fantasia e realizar um pouco do sonho, de pintar a cara e sair da rua… Encontrar amigos, rir com a criatividade de outros…Carnaval

 Eu prefiro sonhar que um galo desperte a multidão, eu prefiro imaginar e ver nos números de todo ano, que mesmo numa cidade que tem fama de violenta como Recife, tem números razoavelmente pequenos para ter uma multidão, sem cordão de isolamento juntos e mesclados. Não nego que necessita ter fôlego, ter frevo no pé, saber passar por multidões para atravessar as ruas, mas sempre tem um lugar para todos tem uma amiga Rose Maria que trabalhando atualmente no Governo de Pernambuco criou um camarote para foliões com algumas dificuldades especiais, e eles dançam, sentem a música de sua forma e conseguem ver através dos acordes que o carnaval é para todos, num camarote dentro da folia do GALO DA MADRUGADA…carnaval

Assim, prefiro dizer carnaval é sim a festa de todos, corrupção, diferenças sociais não se precisa do carnaval para enxergar… É só melhorar o dia-a-dia, o seu respeito por todos, deixemos a folia para a beleza da alegria!

Feliz carnaval para todos

PATRICIA CASSEMIRO, Barcelona-Espanha

Cidade Polifônica

Betânia, do meu coração: vamos comemorar juntos o aniversário de São Paulo, em seu blog. Viva os 458 anos da cidade!  wolf

São Paulo, 458 anos, UMA CIDADE POLIFÔNICA

   A Paulicéia desvairada”, do poeta modernista Mario de Andrade, a Sampa”, do baiano Caetano Veloso ou o túmulo do samba, na visão equivocada do saudoso poeta Vinicius de Morais ou a cidade das oportunidades”, na opinião de muitos amigos nordestinos, completa no dia 25, 458 anos.

   Uma cidade palimpsesta, em constante mutação, segundo a definiu o arquiteto Antonio Cláudio da Fonseca em sua tese “A produção imobiliária e a construção da cidade”. 

   A cidade polifônica, reconhecida como a maior da América Latina, segundo a louvável interpretação do antropólogo italiano Massimo Canevacci “caracteriza-se pela sobreposição de melodias e harmonias, ruídos e sons, regras e imprevisões…” Em síntese, uma cidade de muitos enfoques, olhares, vozes e leituras. Uma cidade difícil, mas surpreendente e envolvente, até na gastronomia, como o virado à paulista ou o famoso sanduíche de mortadela do Mercadão.

    Ao chegar aqui, nos anos 70, depois de passar pela Universidade Gregoriana, em Roma e pelo “Jornal do Brasil”, no Rio, quando meu editor Fernando Gabeira foi preso pela ditadura militar, me rendi a seus desafios e mistérios. Por indicação do cineasta Maurice Capovila, trabalhei no “Estadão” e, mais tarde, acabei participando da criação da revista AU, a convite do arquiteto Mario Pini. E, também, como editor do boletim impresso do IAB-SP.

     Aqui, enfim, na condição de jornalista, conheci muitos arquitetos, além de muitos amigos, entre os quais a arretada arquiteta-designer Betânia Sampaio, que veio do Recife. Conheci Betânia em Olinda, quando ela, Tereza Simis Borsoi, Vera Menelau,Vitória Régia, Luiz Augusto, Álvaro vieram me convidar para participar de um ciclo de debates organizado, então, nos anos 80, pela antiga Faupe.

    Aqui, em São Paulo, um dia, saímos juntos, pra mostrar para ela a cidade. Incrível: ela despertou nas pessoas um olhar especial como se fosse uma top model. A ponto de eu, preocupado, chamar a sua atenção, para que maneirasse o andar. – “Oi, Wolf, eu não tenho culpa”, reagiu. Desculpe-me, mulher!
Por indicação do arquiteto Acácio Gil Borsoi e minha sugestão, acabou trabalhando no celebrado escritório de Arquitetura Aflalo & Gasperini.José Wolf, Betânia Sampaio

Betânia, Wolf

Comemorando, enfim, o aniversário da cidade, gostaria muito que Betânia desse sua opinião sobre São Paulo, onde ela vive e trabalha há vários anos com seus filhos Victor e Carol. Jornalista José Wolf

Cenas desolação e degradação humana

Gde. Betânia segue texto para seu festejado blog. Publicá-lo, seria pra mim uma questão de honra. Você poderia ilustrá-lo com alguma foto , Com um abração, Wolf
    Arquitetura & Realidade

(a propósito da Operação Cracolândia¨, no Centro de São Paulo)

 Socorro! Na condição de jornalista, cristão e morador do Centro de São Paulo, onde se encontra a chamada Cracolândia, não poderia me calar  quanto à ação repressiva  da “Operação Cracolândia” contra nóias, dependentes químicos ou craqueiros, vítimas do crack. E da exclusão social.

Exclusão social, wolf,  Ação, por sinal, que foi classificada pelo próprio Ministério Público estadual de “precipitada e desarticulada”.

  O cenário arquitetônico de edifícios neoclássicos enriquecidos por cúpulas e portas de ferro esculpidas, que encantaram o arquiteto espanhol Ricardo Bofiil ao visitar São Paulo nos anos 90, transfomou-se, de repente, num palco de cenas jamais vistas, retrato de desolação e de degração humana de uma nova diáspora.jose wolf, centro

   Como zumbis fugitivos de um novo Quilombo, centenas de jovens, incluindo adolescentes, crianças, mulheres grávidas, idosos e até cadeirantes, protegidos por cobertores encardidos  expulsos de velhos casarões onde se abrigavam, vagueiam sem rumo pelas ruas e becos da cidade, entre edifícios de concreto armado. Metrópole polifônica que no dia 25 vai celebrar  458 anos!

   A rua Guaianazes, onde habito, tornou-se um ponto de encontro ou rota de fuga deles, quando se aproxima alguma viatura policial. Afugentados por balas de borracha e bombas de efeito moral correm de um lado para outro. De madrugada, aos montões,

Esses “peregrinos do crack”, conforme os chamou a revista Istoé, transitam pelo asfalto, com seus cachimbos e isqueiros, formando uma verdadeira procissão de excluídos da sexta economia mundial.betania sampaioO ronco estridente de helicópteros, que vigiam a área, me faz lembrar o filme “Apocalypse Now”, do cineasta Francis Coppola, quando soldados norte-americanos tentavam em vão exterminar vietnamitas indefesos, mas resistentes.

   Ao justificar a operação, o governo prometeu clínicas de recuperação para os dependentes. Que ironia! Clínicas num país com serviços de saúde pública tão precários!.

   Um craqueiro aproxima-se de mim e me pede ajuda, sem saber o que fazer, sinto-me impotente, a exemplo de outros moradores da região.

   Um fotógrafo do jornal Estadão, onde trabalhei nos anos 70, pede licença para clicar da minha janela algumas fotos de um grupo de craqueiros amontoados como bichos na esquina. E, surpreso, me indaga: – “Cara, como você consegue viver aqui?¨Alguém irresponsável atira contra eles um saco de plástico cheio de água, colocando em risco a segurança dos moradores do edifício Los Angeles. Outro solta um rojão para afugentá-los;

      Enquanto isso, pergunta-se: o que fazer?

     Brasil, mostra a sua cara”, cantou Cazuza. Com certeza, esses jovens são a cara do Brasil real. De uma parte da população sem educação, saúde e habitação. Em síntese: da exclusão.

     Mas, conforme registrou o jornal “Agora”: a Cracolândia não é um lugar geográfico, mas uma praga que assola todo o país, deixando um rastro de destruição e degradação.

Zele por nós. E por eles, também, Jeová! José Wolf.

Wolf, obedeci seu pedido e preferir estas fotos, não quis ilustrar com mais cenas já tão conhecidas de violência. Obrigada bjs Betânia

Reflexões na UTI de um PRONTO SOCORRO

Estava na cozinha da minha casa dia 18 de novembro e vejo correr por baixo da porta uma carta, quando olhei vi um enorme envelope, manuscrito e enviado pelo correio, adorei a descrição do destinatário: À  Arqª Design Betânia Sampaio, isso hoje em dia ¨É realmente incrível¨.
Logo abaixei-me para pegar, aquela correspondência tão carinhosa no envelope branco uma estrelinha pintada em  lilás e no lado oposto vários selos, vi que havia sido postado no dia anterior. (então veja rapidez, não precisamos viver só de e-mails)
Isso não é demais! Isso é Wolf. (Pensei: só poderia ser do meu José Wolf)

Betânia SamapioBetânia Sampaio
Em anexo veio ¨um texto¨ que o Wolf pediu para postar, então vamos lá!Jornalista, José WolfFoto Marco Antonio Borsoi, em uma feijoada na nossa casa.
Jornalista WolfAmigo Wolf, BetâniaBetânia Sampaio.
Bjs, fiz questão de escanear tudo; cartinha, envelope, texto para você perceber o carinho deste Jornalista com sua matéria prima. ¨A escrita¨. Artes plasticas

Ah! Ao ler a carta, parei para pensar no trecho ¨MEU DEUS, o que fazer e mudar nesse tempo de prorrogação que você me concedeu?  (fui eu quem marquei de caneta rosa assim que li).

Logo me veio a cabeça a ultima tela que só acabei de pintar no dia 14 de novembro, ela mede 1.80 x 1.00, comecei a pintar dia 1 de outubro, 4 dias após o falecimento do meu pai Sergio Sampaio, vou mostrar só um trecho, pois estou montando uma exposição falarei sobre as telas em outro momento e acho este trecho explica muita coisa… Sintam. bjs de novo Betânia Sampaio